Sobredotação

A Sobredotação pode ser devida a capacidades inatas acima da média ou a uma estimulação precoce que conduza à mestria num determinado domínio. No entanto, também existe a teoria (que me parece mais plausível) de que a criança possui capacidades inatas, que quando aliadas a uma correcta estimulação precoce — que tem por fim acompanhar o ritmo de exploração da criança e nunca forçar as suas aprendizagens — conduzem a um domínio na(s) área(s) de interesse da criança.

A criança sobredotada revela capacidades significativamente acima da média para a sua idade, aliada a uma elevada criatividade e motivação para um ou mais domínios. Contrariamente à ideia generalizada na sociedade actual, a criança sobredotada não apresenta, necessariamente, dificuldades a nível social, nem se resume a um excelente desempenho escolar.

Com efeito, a sobredotação apresenta diferentes domínios:

  • Aptidão Intelectual: a criança apresenta uma elevada competência para a síntese, o relacionamento de informação, bem como a sua organização. Apresenta excelentes capacidades de percepção e memória de conceitos.
  • Aptidão Académica: a criança apresenta uma elevada velocidade de aquisição de conceitos, revelando extrema facilidade na aprendizagem (principalmente curricular).
  • Aptidão Artística: a criança apresenta excelentes capacidades de expressão artística (ex: pintura, escultura, desenho, música, etc.).
  • Aptidão Social: a criança demonstra um desempenho superior na área da comunicação social ou nas relações com os outros. É uma criança que facilmente empatiza com os outros ou que lidera os grupos a que pertence, naturalmente.
  • Aptidão Motora: a criança revela excelência na coordenação e expressão motora, particularmente a nível desportivo.
  • Aptidão Mecânica: a criança é capaz de resolver problemas técnico-práticos, que envolvem esquemas e materiais de índole mecânica, informática ou electrónica.

Apesar da criança revelar um desempenho superior desde muito cedo, por vezes trata-se apenas de precocidade, pelo que só é possível falar-se de sobredotação a partir dos 5 anos de idade. Até lá a família deve apenas acompanhar o ritmo de desenvolvimento da criança, proporcionando atividades que vão de encontro aos interesses e às motivações da criança. As aprendizagens não devem ser estruturadas em tão tenra idade, apenas devem possibilitar a exploração e estimular a criatividade da criança. A criança poderá recusar-se a realizar tarefas nas quais o seu desempenho não é tão bom… Cabe aos pais e aos educadores, fazer ver que o seu desempenho não tem de ser excelente em todas as áreas!

Caso a criança mantenha um desempenho, uma criatividade e motivação superior ao esperado para a idade após os 5 anos, deve realizar uma avaliação psicológica da inteligência.

A criança ou jovem sobredotado deve beneficiar de um enriquecimento curricular (atividades que lhe permitam explorar os seus interesses ao nível do seu desempenho), mas não avançar anos lectivos pois poderá agravar qualquer dificuldade social ou até levar a isolamento social, por não se identificar com as restantes crianças/jovens que se encontram numa outra etapa de desenvolvimento (outro tipo de brincadeiras).